O Silêncio da Casa Fria


 Olá, humanidade.

Volto ao blogue para compartilhar minhas impressões sobre O silêncio da casa fria, romance de terror publicado no Brasil pela Darkside Books sob o selo Dark Love. O livro também calhou de ser um dos escolhidos para o spooky book club da Jade the Libra.

A narrativa principal acompanha Elsie em sua mudança para uma casa de campo da família nobre de seu marido após ficar viúva. Contudo, o livro tem início alguns anos depois dos eventos narrados, em um hospício onde a protagonista relembra os horrores que viveu na casa dos Bainbridge. Ressalto que o uso de uma personagem hospitalizada ou lida como mentalmente instável é muitas vezes recurso para criar um narrador não confiável e tornar a história ambígua, o que não ocorre nesse caso devido a uma terceira linha de ação, que se desenrola cerca de duzentos anos antes e à qual temos acesso por meio do diário de Anne Bainbridge. Tais fragmentos estão espalhados ao longo do texto, em capítulos separados e devidamente datados  evitando, assim, qualquer confusão , de modo que o leitor saiba apenas o que os personagens já sabem.

O silêncio da casa fria diferencia-se de títulos similares pelo modo como aborda o objeto amaldiçoado: os companheiros silenciosos têm sua própria história, anterior ao caso que nos é mostrado, e parecem se multiplicar, sugerindo dezenas de almas que procuram por vingança, embora haja apenas uma assombração com a qual se preocupar. 

O início da narrativa é um pouco lento, motivo pelo qual talvez você não se sinta instantaneamente cativado (a personalidade da Elsie foi uma barreira para mim), porém os capítulos passam a encurtar, agilizando a narrativa e gerando o efeito thriller. Logo, a leitura flui, e a experiência torna-se bastante imersiva. Isso, somado aos eventos narrados, provocam alguns arrepios. Não considero que essa narrativa tenha plot twists, já que todas as revelações são facilmente inferidas por um leitor atento  o que não impede que você queira continuar lendo, esperando, tenso, por quando os personagens vão se dar conta do que está acontecendo. 

Um fato interessante é a presença majoritária de personagens femininas: Elsie, a prima Sarah, a governanta e as criadas, além de Anne e sua filha Hetta, protagonistas dos eventos do diário. Os homens presentes, Underwood e Jolion, buscam ajudar as personagens ou consertar a situação através da lógica, mas acabam invalidando o sofrimento das mulheres da casa. Você sabe, histeria. 

Quanto aos pontos negativos, começo com um problema de design que me irritou bastante quando me dei conta: o título do livro precede todos os novos capítulos. Isso é extremamente repetitivo, portanto desnecessário. Afinal, creio que você se lembre do que está lendo sem essa muleta. Já no que concerne ao enredo, são mencionadas algumas vezes as semelhanças entre o companheiro que retrata Hetta e a jovem Elsie; tratando-se de um horror sobrenatural, espera-se que tal semelhança revele algo importante, mas a coincidência parece ser esquecida. Também fiquei ligeiramente desapontada pelas poucas aparições de Jasper, mas isso pode ser meu lado louca dos gatos falando.

Se você gosta de uma história de fantasmas que assombram mansões, esse livro vale a leitura. Há conforto o suficiente para ser reconhecível, mas não tanto que torne o romance esquecível.


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